Out 04

Um misto de tristeza e revolta paira sobre a categoria gráfica diante da fechamento da última unidade da Prol, em Diadema, antiga gigante do ramo gráfica nacional, que chegou a ter bem mais de mil trabalhadores, somando com a sua unidade em Barueri - esta fechada há anos atrás. A tristeza é por centenas de gráficos demitidos e a revolta diante do golpe aplicado pela empresa ao encerrar suas atividades acumulando dívidas trabalhistas e outras questões que, segundo avaliação do Sindicato da categoria (STIG) do ABC, chega a R$ 300 milhões, destes, R$ 1 milhão deve somente ao sindicato ao se apropriar de contribuições sindicais de trabalhadores. O STIG revela que já existem 950 processos na Justiça.

"O dono da Prol deveria estar preso", diz revoltado o presidente do STIG ABC, Isaías Karrara. O dirigente conta que não se paga FGTS e INSS dos gráficos há mais de cinco anos. Ele revela que por igual período se deixou de pagar impostos estaduais e federais, bem como até mesmo o aluguel do prédio onde a empresa funcionava. O sindicalista contabiliza que cerca de 1,5 mil trabalhadores estão sendo diretamente lesados. E ainda tem todo o problema que a empresa deixa ao fechar. São menos postos de trabalho no setor gráfico, que já sofre com o alto desemprego.

Porém, o fechamento da última unidade da Prol também causa um certo alívio ao mercado gráfico. A empresa praticava a desregulamentação de todo o setor gráfico ao praticar baixíssimos preços dos seus serviços de forma artificial com o não pagamento de suas obrigações trabalhistas, diferente das demais empresa que honrava seus deveres e sem poder competir com tais preços artificiais da Prol. "Com isso, nos últimos anos, empresas fecharam, levando ao fim postos de trabalho", diz Leonardo Del Roy, presidente da Federação Paulista da categoria (Ftigesp). Em síntese, o experiente sindicalistas diz que a Prol gerou a competitividade desleal no mercado gráfico com os preços baixos às custas dos direitos dos funcionários, quebrando outras empresas e seus postos de trabalho.

"O fato é que a Prol cresceu rapidamente sem política sustentável e sem o cumprimento dos seus deveres, a começar pelos seus empregados", avalia Leandro Rodrigues, secretário-geral da Ftigesp. Há alguns anos, quando a empresa começou a quebrar, o sindicalista Álvaro Ferreira, que é presidente do STIG Barueri, local onde funcionou a outra unidade da Prol, lembra que a empresa ainda honrava com suas obrigações. "A gráfica chegou em nossa base em 2004. Ela comprou a gráfica Oesp. Mudou de cidade, ficando na região de Alphaville. Quando fechou lá, fez várias reuniões conosco com o objetivo de pagar as dívidas", relembra.

written by FTIGESP