Nov 13

Uma tentativa de golpe na negociação salarial ameaça todos os direitos convencionados da categoria. Profissionais serão alertados da manobra

A reforma trabalhista mal entrou em vigor no último sábado e já provoca o acirramento entre patrões e trabalhadores nas maiores empresas de Comunicação do país. Os gráficos dos jornais paulistas Folha, Estadão e a Editora Abril, que produz as maiores revistas brasileiras, acabam de ter atacada a sua data-base de referência para o reajuste salarial anual e para renovação dos direitos convencionados, a exemplo da PLR e etc. Apesar da data-base ser em 1º de outubro, bem antes do último sábado, o sindicato representante dessas empresas, que, através do presidente já havia reconhecido previamente tal data-base antes da negociação com as entidades sindicais dos trabalhadores (Ftigesp, STIGs Barueri e São Paulo), passou a recuar nesta garantia para pressionar pela retirada da PLR e da obrigatoriedade do pagamento da hora-extra dos gráficos.

Além da situação de golpe na então negociação da campanha salarial, ora provocada pelo patronal a fim de extinguir os direitos dos gráficos, inclusive cancelou a sua participação na mesa de negociação da última quinta-feira, a Federação Paulista da categoria (Ftigesp) informa que o cenário, baseada na entrada em vigor da reforma trabalhista, provocará uma situação de mais tensão. "O sindicato patronal inclusive, ao invés de garantir a renovação da nossa Convenção Coletiva de Trabalho, que tem data-base anterior a validade da nova lei federal anti-trabalhador, decidiu exigir a inclusão de cláusulas para regulamentar tal legislação contra os gráficos", repudia Leonardo Del Roy, presidente da Ftigesp.

Diante deste absurdo, a Ftigesp reagiu de imediato. O patronal já foi notificado pela entidade. "Se o sindicato dessas empresas não mudar esta posição descabida, iniciaremos a consulta junto aos trabalhadores para colocar claro que este processo não se trata mais de negociação, mas de um enorme oportunismo diante do atual cenário, que, por si só, é mais que suficiente para gerar uma intranquilidade jurídica e política", realça Del Roy, perguntando se já não basta todos os efeitos da nova lei em vigor que fragilizará a convenção coletiva de trabalho da categoria?

Uma nova rodada de negociação está suspensa até que o patronal responda o questionamento da Ftigesp e dos dois STIGs. "Aguardamos um novo posicionamento sobre nossa contestação à tentativa de incluir em nossa Convenção Coletiva de Trabalho, que tem a data-base em 01/10, a regulamentação dos contratos precários de trabalho da reforma trabalhista, como o Intermitente e o Tempo Parcial", diz Del Roy. Ele alerta que as entidades dos gráficos adiantam que se as empresas não mudarem de posição, evitando o golpe na data-base já garantida antes, e renovando por um ano todos direitos da convenção, inclusive a PLR e o pagamento da hora-extra, o processo em questão será radicalizado.

written by FTIGESP