Nov 22

Nesta sexta-feira (24), haverá a quarta tentativa de negociação entre patrões e trabalhadores gráficos da maioria do estado. Até agora, em sintonia com a reforma trabalhista que retira direitos e justiça social do trabalho, o sindicato patronal segue a cartilha neoliberal do governo Temer. Os patrões insistem no ataque deliberado aos direitos coletivos da classe. Este é o resumo das três primeiras rodadas que não podem ser chamadas de negociação, pois, até agora, a pauta de reivindicação dos trabalhadores sequer foi analisada. Na última terça-feira (14), por exemplo, as empresas trocaram seus ataques à data-base e à PLR dos trabalhadores para focarem no golpe a um conjunto de direitos econômicos da categoria.

A Federação paulista dos gráficos (Ftigesp) repudiou mais este absurdo e insistente ataque patronal, que só mudou o foco dos direitos a serem atacados. "Desta vez, centraram-se contra quatro direitos específicos da Convenção Coletiva de Trabalho da classe. Exigem o fim deles para não mais atacar a data-base (1º de novembro) e a PLR dos trabalhadores", conta Leonardo Del Roy, presidente da Ftigesp. Nesta lista de extinção de direitos, os patrões iniciaram querendo garantir o fim do pagamento da hora-extra ao excluir uma cláusula que cria limitações para aplicação do banco de hora. Outro absurdo em sintonia com a reforma trabalhista, é desobrigar de vez a homologação da rescisão contratual no sindicato.

A lista dos ataques patronal aos direitos dos gráficos continua. O fim do aviso prévio com 15 dias a mais que a maioria da classe trabalhadora também entrou na pauta. Querem a extinção dessa condição especial já garantida há décadas. A outra cláusula da convenção atacada na última rodada foi a que obriga pagamento salarial no dia 5 e não no 5º dia útil. Sem ela, o gráfico demora mais para receber o salário e o adiantamento quinzenal. Enquanto isso, sequer a pauta dos trabalhadores foi tratada.

Em resposta a tantos ataques, três dos 15 sindicatos que participam da negociação já notificaram de greve o sindicato patronal. As paralisações podem iniciar legalmente em qualquer momento nas regiões de Jundiaí, Guarulhos e Taubaté. O cenário de acirramento já ocorrem também em mais regiões. Tem havido assembleias em várias gráficas em Barueri e Osasco. O conjunto dos 15 sindicatos inclusive participaram da última rodada de negociação e promete engrossar na próxima sexta-feira (24).

"O patronal gráfico não pode se esconder de sua responsabilidade em negociar e as consequências. A reforma trabalhista já ataca os direitos e não é preciso acentuar. Os metalúrgicos paulistas e outras classes, por exemplo, já renovaram os seus direitos", destaca Leandro Rodrigues, presidente do Sindicato dos gráficos de Jundiaí (STIG). A Ftigesp realça ainda que inclusive a própria categoria gráfica acaba de conquistar em Pernambuco, região com uma produção menor que a paulista, a devida renovação da convenção coletivo com cláusulas de barreira à reforma, e um reajuste salarial de quase o dobro da inflação anual. "Enquanto isso, absurdamente, o sindicato patronal (Sindigraf-SP) quer retirar quatro dos atuais 87 direitos coletivos para garantir apenas a recomposição salarial diante da inflação, a data-base e a PLR da classe", criticam os STIGs.

written by FTIGESP