Mar 12

Depois de enfrentar tantos anos entre trabalho na Tilibra e em casa para conquistar a aposentadoria, Fátima Ferre, de Bauru, precisa continuar. E o governo ainda quer ampliar o tempo para as mulheres se aposentarem

De aprendiz de Encadernação à responsável direta pela implantação de sistemas de produção e qualidade da Tilibra em Bauru, a trabalhadora gráfica aposentada Fátima Ferre, de 53 anos, construiu uma carreia de sucesso ao longo dos 36,5 anos que trabalhou nesta empresa, inclusive como orçamentista e outras funções. Porém, apesar disso, como não é diferente do desafio enfrentado por todas as mulheres que trabalham, ela precisou se desdobrar para conciliar trabalho, estudo e cuidar da sua filha Beatriz Furtado, 22 anos. Fátima, que é divorciada, ainda enfrentou a sistemática desigualdade salarial em comparação aos trabalhadores do sexo masculino e a dificuldade de promoção por ser mulher. Mesmo após tanto esforço, o que lhe garantiu a sua aposentadoria, ela continua trabalhando em outra atividade. Apesar disso, Temer e os seus políticos aliados querem elevar o tempo de contribuição de qualquer mulher para ter a aposentaria, e esta é só uma parte mal da reforma previdenciária.

"Essa reforma é um grande erro. Se aprovada, afetará a vida da grande maioria da população, que já é onerada com os altos impostos diretos e indiretos, que não tem os direitos à saúde e educação da forma como deveriam", diz Fátima. Sem falar nos prejuízos para todos trabalhadores com a nova lei da reforma trabalhista, segundo ela destaca, que trouxe perdas de direitos e desmonte das formas de organização dos próprios empregados, com o enfraquecimento do sindicato de todas as classes.

A reforma também não é necessária, na urgência e na forma como está sendo divulgada pelo governo, inclusive com terrorismo contra parcelas mais vulneráveis. Usa-se falsos discursos em defesa da reforma via esta publicidade. Fática realça ainda que por enquanto, talvez neste ano, a proposta não seja apreciada no Congresso. Certamente, ocorreu devido o medo dos políticos com a proximidade das eleições gerais, para evitar a irá dos eleitores contra políticos favoráveis a medida antipopulação. Contudo, para que a reforma não volte em 2019, é preciso votar só em políticos que, já a partir de agora, são publicamente contrários à medida.

A classe trabalhadora precisa reagir. É preciso ter consciência dessas questões, assim como a demonstrada pela gráfica aposentada, que está sendo homenageada agora, durante este mês em que se celebra o Dia Internacional das Mulheres, pelo Sindicato da classe de Bauru. Ela foi sindicalizada à entidade e sempre defendeu a importância da categoria de se associar e participar das atividades sindicais, pois considera que somente assim, os trabalhadoras poderão buscar por mais melhorias no ambiente de trabalho e na vida, e garantir direitos específicos à mulher.

Fátima agradece a homenagem e frisa o orgulho de ser profissional do ramo gráfico, um setor que ela considera de grande honra e dignidade, porque é um ramo que gera milhares de emprego e elabora produtos que atendem a todos os níveis da sociedade. Aproveita ainda para dar um conselho às novas trabalhadoras gráficas: invistam na sua profissão estudando, que participem do seu sindicato, filiando-se e participando das assembleias e atividades realizadas pela entidade da sua categoria.

"Parabenizamos Fátima por seu trabalho como gráfica, mas também na condição de dirigente sindical na qual emprestou todo seu empenho nas melhorias do conjunto dos trabalhadores da categoria", diz Leonardo Del Roy, presidente da Federação Estadual da classe (Ftigesp), entidade na qual o STIG Bauru é filiada. A partir do exemplo de Fátima, o sindicalista realça a necessidade das mulheres estarem engajadas no Sindicato de modo permanente, pois este é o único mecanismo para poder enfrentar o poderio econômico para as melhorias e garantias de direitos coletivos.

written by FTIGESP