Out 26

O reajuste salarial da categoria ficou um pouco superior à inflação anual e todos direitos foram mantidos, com reajuste de valor sobre vários deles

Na última semana, alguns dias logo após a data-base da classe, os 700 gráficos da editora Abril e dos jornais Folha de São Paulo e Estadão conseguiram concluir a campanha salarial com um pequeno reajuste acima da inflação anual. O aumento para quem recebe até R$ 6,5 mil foi de 4%, ante uma inflação de 3,97% nos últimos 12 meses. O percentual foi acertado entre o sindicato patronal (Sindjore) e as entidades dos trabalhadores (STIG-SP, STIG Barueri/Osasco e a Federação Estadual dos Gráficos - Ftigesp). Além do reajuste, todos os direitos convencionados foram renovados por mais um ano, mesmo diante do atraso da nova lei da reforma trabalhista.

Para Elisangêla Oliveira, presidente do STIG-SP, além da manutenção de todos os direitos da Convenção Coletiva de Trabalho e o referido reajuste salarial, bem como na PLR, auxílio-alimentação e cesta básica, também foi importante e é um avanço ter concluído toda negociação já em outubro. "Diferente de 2017 quando a campanha se estendeu até dezembro diante do ataque patronal aos direitos, este ano foi preciso uma única rodada de negociação, garantindo o reajuste já na folha de pagamento do mês atual, evitando transtornos para os gráficos com maior incidência de imposto de renda retido na fonte devido ao pagamento total da diferença salarial", diz Leonardo Del Roy, presidente da Ftigesp, órgão assistente no processo.

Nos últimos anos, com o atraso no processo de negociação, grandes prejuízos foram gerados contra os trabalhadores. Eles acumulavam as diferenças de reajuste de salários e do 13º salário, que ao acumular era incidido em mudanças da tabela do Imposto de Renda, onde, na prática, corroíam a maior parte de tais reajustes salariais, além de prejudicar os respectivos valores que deveriam ser pagos a partir de 1º de outubro.

Del Roy destaca ainda o fator do processo de recuperação judicial da Abril mão ter influenciado negativamente na atual negociação salarial, como ocorreu em 2017. Na ocasião, a editora buscou intervir ao máximo no sentido de modificar e implantar dispositivos da reforma trabalhista na nova convenção. O objetivo dela era de se beneficiar com condições negativas da nova lei através de precários contratos como o temporário e o parcial e ainda buscar implantar piso salarial menor que os atuais.

A experiência de Del Roy durante o processo de negociação foi relevante e destacado por Álvaro Ferreira, presidente do STIG Barueri/Osasco, entidade responsável pela negociação em favor dos gráficos da Folha de SP, uma vez que o parque gráfico fica na cidade de Santana do Parnaíba, região de atuação deste sindicato. Álvaro inclusive conduziu a assembleia de aprovação da negociação um dia depois das tratativas com o patronal. Já o STIG-SP responde pelos gráficos do jornal Estado e da editora Abril.

Para quem ganha acima de R$ 6,5 mil, ganharão um valor fixo de R$ 260. O patronal só queria garantir R$ 198,50 e para todos que recebem a partir de R$ 5 mil, sendo rejeitado pela Ftigesp e os sindicatos envolvidos. Além de Del Roy, Elisangêla e Álvaro, estavam presentes na negociação João Lopes e Joaquim Oliveira, ambos do STIG Barueri/Osasco, e o advogado Raphael Maia, do STIG-SP. Na ocasião, foi também definido os valores novos para a PLR (R$ 994,13), vale-alimentação diário (R$ 14,87) e cesta básica (R$ 117,13). E todos os demais direitos existentes permanecem.

Para Álvaro, Del Roy e os demais sindicalistas envolvidos na negociação, o resultado da campanha salarial foi positivo. Eles levam em consideração a atual situação da editora Abril e o efeito que podia levar sobre as demais empresas inseridas e sobretudo diante o avanço tecnológico que desafia a impressão de jornais e revistas. Assim, a manutenção do emprego com todos direitos e salários justos pode ser considerado até como um avanço.

written by FTIGESP