Dez 24

Ftigesp garante que a luta continua em defesa dos direitos dos gráficos

Diferente do Natal dos anos anteriores, centenas de gráficas, jornalistas, distribuidores e administrativos da Editora Abril estarão desempregados diante dos desligamentos em massa que atingiram 800 profissionais só em agosto último. Além disso, a noite natalina de amanhã será ainda mais difícil porque a empresa não pagou os direitos desses trabalhadores, mas trava uma briga judicial para condicionar o pagamento à sua recuperação empresarial. Apesar da difícil situação, a esperança e a solidariedade, que são a essência do Natal, não podem ser deixadas de lado. Neste sentido, relevantes decisões judiciais para buscarem reduzir o sofrimento e a ação das entidades sindicais e dos próprios colegas de trabalho que continuam empregados, podem ajudar para trazer certa esperança em dias melhores

Reunidos, trabalhadores ativos da Abril doaram parte de seus salários de modo que possibilitou a compra de uma cesta natalina de alimentos, além do peru de Natal. O gesto de solidariedade demonstra que cresce entre a classe trabalhadora o sentimento de unidade – condição indispensável na busca de saídas coletivas para a superação das dificuldades enfrentadas. Os sindicatos também têm feito o seu papel de representante individual e coletivo dos trabalhadores, não abandonando-os, mesmo que demitidos. As entidades têm mobilizado estes profissionais para defendem os seus direitos, com protestos em espaços públicos, na frente da empresa e etc.

No campo Jurídico, os sindicatos também estão firmes nesta luta. Houve duas importantes decisões somente neste mês. A primeira confirmou uma sentença anterior onde define que a Abril tem de reintegrar os demitidos. A nova decisão definiu 30 dias para que isso ocorre, encerrando o prazo no próximo dia 5. Também determinou a ampliação no quantitativo dos profissionais que devem ser reincorporados aos quadros, devendo agora a empresa incluir todos os desligamentos desde julho do ano passado.

Além dessa decisão que dá grande esperança aos trabalhadores, houve uma outra há poucos dias, onde, aparadas pela mobilização das mulheres demitidas e das esposas dos desempregados, liderada pelos sindicatos, o juiz do caso da recuperação judicial da Abril pediu a agilidade no referido processo. "No despacho, o magistrado cita a carta dessas mulheres que foi entregue ao mesmo durante protesto dentro do fórum onde ele atua", conta o advogado dos Sindicatos dos Gráficos e dos Jornalista, Raphael Maia. Ele foi autor desta petição solicitando a celeridade na publicação do edital do plano de recuperação judicial da editora, bem como a imediata realização da assembleia dos credores para aprovar ou não tal plano. O jurista também participa da ação coletiva de reintegração dos demitidos.

"Essa segunda decisão é importante porque evitará que a empresa que cuida da construção deste plano (Deloitte) e a própria Abril protelem essa situação, estendendo o sofrimento dos trabalhadores demitidos. Portanto, ao invés de retardar o processo, ambas terão de agilizá-lo em conformidade com o despacho judicial", celebra Leonardo Del Roy, presidente da Federação Paulista dos Trabalhadores Gráficos (Ftigesp), que atua de perto e acompanha tudo.

A Ftigesp procurou estar sempre solidária aos companheiros na Abril nesta luta incansável diante do poderio econômico. E continuará na luta por dias melhores para que estas injustiças sejam superadas e que o Poder Judiciário não fique inerte à ação da empresa. "Permanece a luta por respeito e justiça referente aos direitos trabalhistas e que se cumpra as obrigações legais. A luta continua", diz Del Roy. A entidade deseja um bom Feliz Natal e um 2019 com esperança à todos companheiros da Abril, mas também a todos os gráficos do estado de São Paulo.

written by FTIGESP