Mai 08

Demitidos dessas empresas, incluindo jornalistas e administrativos, farão manifestação conjunta na Abril e devem seguir à Polícia Federal (PF), onde questionarão a transferência de divisas dessas empresas aos EUA, levando o lucro para fora do país e deixando os prejuízos para os trabalhadores

Nesta quarta-feira (8), irmanados pelo desejo de buscar e fazer justiça, centenas de gráficos demitidos pela multinacional Donnelley no Brasil e as centenas de profissionais demitidos em 2018 pela Abril, maior grupo econômico de comunicação nacional, decidiram reagir em conjunto contra o calote nos seus direitos. A manifestação será às 12hs na frente da Abril, na Marginal da capital paulista, contra a atual manobra dessas empresas que transferiram seus lucros para fora do país e dividem aqui só os prejuízos para os profissionais. E ainda conta com a protegem da frágil lei de falência e recuperação judicial para contrariarem as leis trabalhistas.

Não está descartada uma caminhada da Abril para PF, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, gerido pelo ex-juiz federal Sério Moro, este que era conhecido pelo combate implacável à corrupção. "Após cobrarmos o pagamento das verbas rescisórias, FGTS e multas pelo descumprimento da lei trabalhista, poderemos sair da frente da Abril e seguir por 2 km até este órgão policial da Justiça brasileira para cobrar uma investigação rigorosa sobre os bilionários lucros da editora Abril e da gráfica norte-americana Donnelley enviados a outros países, como os EUA, enquanto aqui no país alegam prejuízos para o não pagamento dos funcionários", fala Leonardo Del Roy, presidente da Federação Paulista dos Gráficos.

Este protesto foi planejado pelos sindicatos das categorias envolvidas. Vários gráficos da Donnelley, inclusive alguns deles também dirigentes sindicais, a exemplo de José dos Santos, Cláudio, Jamiro e o próprio Joaquim Oliveira, que assumirá durante este mês a presidência do STIG-Barueri/Osasco, participaram da organização desta manifestação durante uma reunião na Federação Paulistas dos Gráficos. A presidente do STIG-São Paulo, Elisângela Oliveira, e seu diretor José Bezerra, representando os gráficos da Abril, também assumiram a tarefa, junto com os presidentes dos Sindicatos dos Jornalistas e Administrativos, Paulo Zocci e Domingues respectivamente, acompanhados de Del Roy.

Uma carta deve ser entregue ao novo dono da Abril, Fábio Carvalho, que tomou posse da presidência do grupo após a conclusão recente da sua aquisição. O documento também será enviado à família Civita, esta que acumulou uma fortuna de bilhões de dólares nas últimas décadas, mas não quis pagar essa dívida trabalhistas no valor de um pouco mais de 100 milhões de reais com seus funcionários demitidos em 2018 e em 2017. A carta cobrará a quitação total deste passivo trabalhista deixado.

Ao invés de pagar tais dívidas, estas empresas se abrigaram em uma frágil lei de recuperação judicial, que, por sinal, precisa ser modificada pelo Legislativa, senão continuará a legitimar este tipo de processo imoral onde o lucro de empresas no Brasil e transferido a outros países, enquanto os prejuízos são divididos com os empregados, mesmo que contrariando a legislação trabalhista do Brasil – conflito de leis onde a que protege os empresários sobrepõe aquele que obriga as empresas a cumprirem as suas obrigações trabalhistas e socioeconômicas no país.

Uma carta internacional inclusive está sendo enviada pela Ftigesp para a UNI Américas subsidiar a secretária geral da UNI Global para cobrar da Donnelley dos EUA o respeito às diretrizes da OCDE que orienta em todo o mundo as multinacionais referente ao respeito às leis e governos dos países onde elas estão instaladas e a garantia da negociação com os sindicatos para o pagamento do direito dos trabalhadores quando as empresas chegam a fecharem – coisa que a multinacional não está fazendo. "Na esperança de que tudo seja revisto, estamos apresentando AQUI para UNI Américas e Global o panorama de nossas legislações no Brasil e tudo o que a RR Donnelley está descumprindo em desrespeito inclusive com os direitos humanos dos trabalhadores" completa Del Roy.

"Continuaremos na luta junto à Donnelley e Abril, como estamos desde o princípio, para elas que cumpram com as suas obrigações e não se utilizem de uma lei que permite as empresas através dos mecanismos do dispositivo da falência para se eximirem da quitação de imediato das verbas rescisórias dos trabalhadores, inclusive as multas postas na CLT nos artigos 467 e 477. Isto é uma afronta aos direitos dos empregados", realça Del Roy.

written by FTIGESP