Dez 16
Se a primeira vista a necessidade de união entre os trabalhadores inspira um delírio de esquerdista centenário,uma análise superficial sobre os recentes resultados das campanhas salariais de vários setores colocam na ordem dia, com características atuais é verdade, as ideias apresentadas por Karl Marx no Manifesto Comunista de 1848.
No setor Gráfico, por exemplo, em 2011/2012 conquistamos 9% de reajuste salarial ante aos 6,76% de inflação acumulada no período. Já em 2013/2014 o percentual de aumento ficou em 7%, enquanto a inflação considerada foi de 5,58%.
Apesar de em ambos os casos terem ocorrido ganho real, a queda nos índices é perceptível. Devemos considerar também o ritmo mais lento da economia, no entanto está evidente que quando o resultado é negativo o setor patronal não exita em precarizar o trabalhador.
A falta de mobilização e organização da classe trabalhadora, reflete em dificuldades para a manutenção de direitos adquiridos e na luta por novas conquistas. Até o mesmo o sagrado dissídio se torna cada vez mais difícil.
O horizonte fica mais preocupante quando observamos que os patrões têm se organizado, contratando‘negociadores profissionais’ para rebater as reivindicações durante as Campanhas Salariais.
A classe trabalhadora tem visto enfraquecer seu papel histórico de protagonismo na sociedade, prova disso,este ano, foi a falta de lideranças trabalhistas durante as manifestações que ganharam a atenção do País em junho.
Apesar de o movimento representar boa parte do sentimento dos trabalhadores, não exercemos influência ao ponto de podermos apresentar à sociedade algumas de nossas bandeiras, como a redução na jornada de trabalho para 40 horas semanais.
A leitura dos fatos é simples, ou os trabalhadores se organizam agindo coletivamente, sem terrorismo, mas com firmeza, ou seremos engolidos até o ponto no qual em vez de aumento, tenhamos redução nos salários.
Toda a riqueza gerada provém da mão de obra dos trabalhadores, no caso dos Gráficos, cumprimos uma papel dos mais importantes. Entre outras coisas, providenciamos a impressão de embalagens e os rótulos para o acondicionamento de alimentos consumidos por toda a população. Os livros nos quais ideias são imortalizadas e até mesmo os jornais, revistas e demais documentos lidos todos os dias por milhões de pessoas passam pelos Gráficos.
Diante do contexto, 2013 não foi ruim, mas poderia ser melhor. No próximo ano a participação dos trabalhadores será fundamental para os rumos do País. Ainda esperamos da presidenta Dilma Rousseff (PT),sobretudo com o setor Gráfico, uma postura que valorize o trabalhador na prática e não somente no discurso.
Francisco Wirton (Chiquinho) é presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de Guarulhos e Região.


written by FTIGESP