Set 23
FTIGESP NEWS // Gráficos da Valid rejeitam acordo onde obrigaria uso de celular pessoal para registro de ponto
STIG Santos apoia decisão dos empregados, pois lembra que a empresa é que deve fornecer as condições para a marcação de ponto, não o gráfico
Embora o gráfico esteja obrigado a marcar o ponto na entrada e na saída do seu trabalho, a empresa e que é responsável de garantir as condições necessárias. No estado de São Paulo, por exemplo, existe até cláusula específica de convenção coletiva da classe, onde determina a obrigação do ponto, independente do número de empregados no local de trabalho. Contudo, o grupo Valid, que atua com impresso de segurança no Brasil, tenta implantar um novo sistema de marcação de ponto digital. O registro se daria por meio do celular do próprio trabalhador. Todavia, a proposta abriga possível troca de responsabilidade do patrão para o funcionário no tocante a quem deve oferecer as condições da marcação, pois o celular pessoal do profissional é que se tornará o equipamento crucial para isso.
"Como fica em caso do trabalhador não tiver celular, ou se ele perdeu, ou foi roubado ou por qualquer outro motivo pessoal? Como marcar o ponto? E no caso da Valid, onde os gráficos trabalham em Poupa Tempo e em unidades do Detran, como podem utilizar pontos internos de internet para acessar o sistema do ponto, se não há computadores disponíveis para tal, e em caso de problemas com o celular. Essas foram algumas das criticas a tentativa de acordo que a Valid busca compactuar com os empregados", conta o secretário-geral do Sindicato dos Gráficos da Baixada Santista, Jorge Caetano. O STIG apoia a decisão do trabalhador, seja ela qual for. A maioria vence. Essa foi a resposta de Jorge para a Valid depois de reunião com comissão de gráficos da empresa, realizada numa sala do Poupa Tempo de Santos.
A grande maioria, quase a totalidade dos 64 trabalhadores, que atuam em diferentes cidades da Baixada e do Vale da Rivera, decidiram por recusar qualquer acordo neste sentido. Avaliam que penalizará o empregado em caso de problemas com o celular pessoal, e/ou até mesmo com o sistema eletrônico da Valid, ou de logística para uso de internet e computador no local de trabalho. "O Portal da Valid não funciona direito; o gráfico não pode ser obrigado a ter sempre um celular para a sua marcação do ponto, muito menos penalizado por isso; E a maioria do pessoal que trabalha na área do atendimento ao público não tem acesso a um computador para utilizar o sistema da Valid, mas somente na restrita área da impressão. Estes foram alguns dos motivos para a recusa, informou-me a comissão de gráficos da Valid", fala Jorge, que apoia integralmente os empregados.
A representante da empresa, por sua vez, alega que o portal da Valid não possui bloqueio ou erros. Disse ainda que o ponto manual pode continuar valendo em caso de qualquer problema, seja com o sistema, ou seja com o celular do trabalhador – cláusula inclusive que foi inserida depois desse entrave nas negociações do acordo coletivo de trabalho sobre esse ponto. No momento, as negociações estão paralisadas e sem data para voltar.
Diante do impasse, a Federação Paulista da classe (Ftigesp), entidade que o STIG Santos é filiado, foi interpelado por representantes da Valid. A empresa solicita uma reunião com vários STIGs do estado, a fim de esclarecer pontos controversos e, se necessário, efetuar todos ajustes. "O processo pode até ser retomado, porém, de princípio, somos a favor da sua suspensão, conforma definido pelos trabalhadores", fala Leonardo Del Roy, presidente da Ftigesp. A Valid insiste na busca de soluções.