Fev 04
7 de Fevereiro – Dia Nacional do Trabalhador Gráfico

Diante da crise em que passa o setor gráfico da Baixada Santista nesses últimos dois anos. Infelizmente não temos muito que se comemorar, com a crise no setor os Sindicatos também deixam de arrecadar e com isso fica difícil a realização de algum evento alusivo a data. Com isso só nos resta continuar a nossa luta e não se esquecer de reverenciar nossos heróicos companheiros que participaram da greve que culminou com a nossa data histórica, o 7 de Fevereiro.

Neste 7 de fevereiro vamos deixar de lado nossas atuais preocupações para oferecer aos nosso companheiros, principalmente os mais jovens, a oportunidade de conhecerem alguns lances da campanha reivindicatória de 1923.

Realmente, para justo orgulho nosso, as jornadas iniciadas em fevereiro daquele ano marcaram sobremaneira a história das lutas proletárias. A Capital Federal (Rio de Janeiro) estava sob estado de sítio e a intimidação da suspensão das garantias constitucionais atingiu todo o País, o que repercutia negativamente nos organismos sindicais em geral. Isso não impediu, entretanto, que a União dos Trabalhadores Gráficos, Pleiteasse ao setor patronal direitos até então negados e que para quase totalidade dos empresários da época pareciam absurdos.

Apoiada por todos os trabalhadores gráficos, a UGT lançou-se em campanha, solicitando o seu reconhecimento oficial como entidade representativa dos trabalhadores; a instituição do Contrato Coletivo de Trabalho (esta reivindicação foi considerada exigência insuportável pelos patrões); o salário mínimo profissional; o salário e condições especiais para o trabalho da mulher, além de outros itens. A afluência às assembléias, sempre grandiosas, chegava aos três mil associados e os dirigentes foram obrigados a realizá-las em amplos salões da capital do Estado, tais como o Salão Celso Garcia e teatro Paramount, neste último atingido cinco mil o número de participantes. Foi nesse local que, em resposta à indagação de como viveriam os gráficos em greve, celebrizou-se o grito que repercutiu por todo o salão; "Comeremos terra!"...

Durou o movimento seis semanas e, de fato, algumas vezes amargaram os gráficos o pó da derrota. Mas não desanimaram e, a 17 de março, trinta e duas grandes empresas aceitavam as condições do memorial dos trabalhadores. Em 20 de março de 1923, às 20 horas, o derradeiro hesitante patrão assinou a concordância com as reivindicações. Podemos mesmo afirmar que a campanha de 7 de fevereiro de 1923 foi pioneira das reformas que surgiram no âmbito das relações entre trabalhadores e empregadores, sintetizadas posteriormente no texto legal que é a Consolidação das leis do Trabalho.

Reconhecendo a magnitude dessa histórica jornada de 42 dias de corajosa resistência, o I Congresso Nacional dos Gráficos Brasileiros escolheu 7 de fevereiro, como o Dia Nacional do Gráfico.

Um legado de dedicação e honradez na defesa dos interesses dos gráficos brasileiros deixaram-nos os companheiros da imperecível campanha de 1923, muitos hoje desaparecidos e para os quais rendemos nosso eterno reconhecimento por tudo quanto fizeram em beneficio de nossa categoria.

Estes sucintos dados referente a nossa data nacional, é evidente, não darão uma visão total dos acontecimentos e, como dissemos no início, a nossa pretensão foi apenas evocar algumas ocorrências da campanha para conhecimento de nossos jovens companheiros. E tenham os mesmos, são nossas esperanças, o mesmo ânimo e espírito de luta dos heróicos gráficos de 1923, seguindo o exemplo daqueles valorosos companheiros para que juntos possamos alcançar melhores condições de vida para todos os trabalhadores, conscientes de que é justa a nossa causa.

Se em 25 de maio de 1919 surgiu a UGT, daí em diante a corporação gráfica de São Paulo passou a ser mais bem orientada na conquista de suas reivindicações mais urgentes.
De 1919 a 1923, foram quatro anos de intenso trabalho, aumentando por outro lado o continente de líderes gráficos empenhados no objetivo da luta.

Surgiram: João Jorge da Costa Pimenta, Carlos Bôscoli, Isidoro Diego, Domingos Memmo, Domenico Endrigo, Paulo Lembo, João Penteado, Francisco Línero e Orlando Spósito e muitos outros que passaram a participar da luta dos trabalhadores gráficos.

A esses companheiros e a todos os trabalhadores gráficos que viveram este enfrentamento o nosso muito obrigado!!!

FONTE: STIG SANTOS 

written by FTIGESP