Mar 24
Embora o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Gráfica de Jundiaí (Sindigráficos) defenda o direito do trabalhador, independente dele ser sócio ao órgão de classe, o não sindicalizado corre mais risco de sofrer pressões e irregularidades dos patrões, pelo fato de o empregador saber que este funcionário é mais vulnerável ao se manter longe do sindicato

Ao não sindicalizar-se, o gráfico opta por ficar mais frágil diante do patrão, porque o empregador sabe que ele decidiu ficar sozinho, sem somar-se a correlação de força da união sindical. O patrão por sua vez age com mais liberdade e mais força para atuar contra o trabalhador não sindicalizado.

É justamente isso que vem ocorrendo com os funcionários do grupo de empresas Jaz/Real/Cadú, situada no município de Valinhos (SP). Cerca de 80 funcionários, que continuam sem se filiar, tem convivido com uma série de problemas e intransigência patronal.

Eles enfrentam dificuldades com o não registro da hora-extra e de parte do salário no contracheque, atraso recorrente do pagamento salarial, vales e de férias, e não recebem anualmente a Participação nos Lucros e Resultados, além de problemas com a cesta básica. O sindicato chamou o grupo empresarial para tratar das irregularidades na semana passada. Mas, enquanto os trabalhadores optarem por permanecer não sindicalizados, continuam mais fragilizados.

"A sindicalização funciona como uma prevenção de problemas, ou seja, o patrão sabe que no primeiro sinal de qualquer irregularidade, o sindicato já chega junto contra qualquer tentativa de burlar os direitos trabalhistas", diz Leandro Rodrigues, presidente do Sindigráficos. Há um elo maior do sindicato com os sindicalizados. Afinal, é dever da entidade defender os seus sindicalizados, que mantém política e economicamente a entidade.

Todavia, o Sindigráficos também estende sua proteção aos não sócios, porém, quando toma conhecimento, o problema já está maior e ocorre com mais frequência em comparação aos sindicalizados. O dirigente garante que, por esta razão, os funcionários do grupo de empresas Jaz/Real/Cadú convivem com mais irregularidades trabalhistas praticadas pelo patrão.

Todavia, diante do penar dos trabalhadores, mesmo eles não ajudando o sindicato política e economicamente, através da sindicalização, o órgão de classe começou a atuar na intenção de amenizar os problemas deles. "Convocamos a empresa para uma reunião no sindicato, caso não venha, solicitaremos uma mesa redonda no Ministério do Trabalho em Capinas. Lá, exporemos as irregularidades, a fim de saná-las", conta Valdir Ramos.

A empresa costuma pagar as horas-extras e parte do salário por fora do contracheque, prejudicando os trabalhadores quando no ato da rescisão do contrato de trabalho, ocasião que receberão menos dinheiro da verba rescisória devido a esta prática, que reduz ainda o valor da aposentadoria.

O Sindigráficos exigirá também o fim dos pagamentos atrasados, seja do salário, do vale e das férias. Além disso, reivindicará a inclusão de todos os produtos que devem compor a cesta básica, conforme determina a Convenção Coletiva de Trabalho da categoria.

Outro ponto levantado pelo sindicato será o pagamento adequado do PLR. As empresas não pagam o benefício anualmente, como determina a lei. Elas só pagam quando o funcionário é demitido. Embora pague valor equivalente a todos os anos de trabalho do funcionário, o valor não é corrigido monetariamente. Logo, além de ilegal, as empresas ainda saem no lucro financeiro.

Horizonte

O Sindigráficos convocará a empresa Horizonte, situada em Jundiaí (SP), para tratar no Ministério do Trabalho de irregularidades que a gráfica vem praticando contra os empregados.

"Além de atrasar o salário dos gráficos, ela tem adotado uma prática ilegal de descontar nas férias do funcionário os dias em que o trabalhador foi dispensado pela própria empresa em função da falta de serviço", conta Jurandir Franco, diretor sindical. Isso é ilegal, pois a responsabilidade do fluxo de clientes é única da empresa.

FONTE: STIG JUNDIAÍ

written by FTIGESP