Mai 04
É necessário fazer uma reflexão sobre o sentido do 1º de Maio. Apesar de ser dia do trabalhador, há uma crise sobre o sentido desta data. Até nisso o patrão tem interferido. Estão transformando no dia do trabalho, no dia do dono do meio de produção. Os empresários têm usado a data para divulgar seus resultados. E, infelizmente, uma parcela "significativa" do movimento sindical tem entrado nessa onda. A distorção é tão grande que sindicatos e centrais usam a data para festejar, ao invés de conscientizar a classe.

É preciso lembrar que o 1º de maio é o "Dia Internacional do Trabalhador". É o dia para apontar a desigualdade entre classes sociais e para defender os direitos dos trabalhadores. Este é o verdadeiro sentido do 1º de Maio. Ele existe para ser o Dia do Trabalhador e não do trabalho.

O 1º de Maio simboliza o dia de luta, por melhores condições de trabalho, por melhores salários, pela dignidade do trabalhador, e, sobretudo, um marco na história da luta pela redução de jornada de trabalho, exemplo deixado pelos operários mortos em Chicago há 129 anos, dentre eles dois gráficos.

Da vida, da luta, e do sangue deles, surgiu o Dia do Trabalhador e a coragem e a força na classe trabalhadora mundial pela participação social. O 1º de Maio, portanto, é para se fazer uma reflexão sobre o papel do trabalhador na sociedade, como tem sido feito e que deve continuar.

Neste sentido, a classe trabalhadora precisa reagir às fortes tentativas do setor patronal e de muitos governantes de retirar os direitos consolidados dos trabalhadores. É preciso reagir aos políticos que teimam em querer terceirizar as atividades fins, que terá como consequência a extinção da maioria dos direitos da CLT, já que permitirá o empresário reduzir o custo de produção através da folha de pagamento, reduzindo salários e tirando benefícios.

"Os trabalhadores não têm nada o que festejar diante disso, ainda mais festejar com representantes do movimento sindical que aprovam a terceirização, a exemplo de Paulinho da Força Sindical", diz Leandro Rodrigues, presidente do Sindigráficos. O tempo é de reflexão e luta para tentar evitar a consumação do desejo dos que querem terceirizar tudo.

É preciso ainda refletir e lutar contra políticos e governantes que querem dificultar e retirar benefícios trabalhistas, como o Seguro-Desemprego, Pensão por Morte e muito mais. "Esses projetos já estão sendo tratados no Congresso Nacional, por meio de Medidas Provisórias da União", diz Rodrigues, alertando que as festas para os trabalhadores, não tem razão para tal diante da complexa conjuntura de tentativa de retirada de direitos. É uma "cortina de fumaça", ou seja, é para distrair a atenção, e, sobretudo, despolitizar a classe trabalhadora diante do terrível cenário que está sendo preparado para os trabalhadores brasileiros.

SALVE OS MÁRTIRES DE CHICAGO

Há 129 anos, em maio 1886, os operários da cidade de Chicago (importante centro industrial dos Estados Unidos) se levantaram contra as péssimas condições de trabalho, exigindo a redução da jornada de trabalho, naquela época a jornada de trabalho variava entre 13 e 16 horas.

Neste período a cidade estava imersa em grandes lutas, barricadas e greves. No dia três de maio daquele ano, durante o enfrentamento com a polícia, seis trabalhadores foram mortos, o que resultou num protesto furioso no dia seguinte, na confusão morreu um policial e outros trinta e oito operários foram assassinados e cento e quinze feridos, sendo decretado Estado de Sítio.

A repressão prendeu oito companheiros que eram lideranças do movimento, cinco foram condenados a forca, o anarquista Hessois Auguste Spies, diretor do diário dos trabalhadores (jornal "diário operário") os sindicalistas Adolph Fisher, George Engels, Albert R Parsons, Louis Lingg, porém, um dia antes da execução, 11 de novembro de 1887, Louis Lingg, aparece morto na prisão, na época, as autoridades declaram que o mesmo se suicidara.

Os presos, Michael Schwab, Oscar Neeb, Samuel Fielden são condenados à prisão perpétua. Entre os Mártires, dois eram gráficos, o tipógrafo e encadernador Michael Schwab, que fora condenado a prisão perpétua, e também o tipógrafo e jornalista George Engel, que fora condenado a forca.

Da vida, da luta, e do sangue desses homens, não surgiu apenas o Dia do Trabalhador, surgiu também a coragem e a força na classe trabalhadora de todo o mundo, e pela participação neste momento histórico, a categoria gráfica também pode se orgulhar.

A luta dos Mártires de Chicago espalhou-se pelo mundo todo, os trabalhadores não aceitavam mais uma jornada de trabalho superior a 48 horas semanais, no Brasil, a jornada de trabalho de 48 horas só fora implantada na Constituição Federal de 1937,

A referida jornada de trabalho permaneceu por cinquenta e um anos, e só fora reduzida depois da grande greve realizada pelos metalúrgicos do ABC, no ano 1985 depois de vários dias de paralisação, a categoria conquistou a jornada de 44 horas semanais, cuja redução iniciou com 47, depois, 46, 45 e 44, no mesmo ano, os trabalhadores gráficos do estado de São Paulo, químicos de São Paulo e ABC, plásticos de São Paulo e Caieiras e metalúrgicos de São Paulo, que após realizarem a greve geral unificada, também, conquistaram a redução de jornada de trabalho para 44 horas semanais.

O 1º de maio representa, antes de mais nada, um dia de luta, por melhores condições de trabalho, por melhores salários, pela dignidade do trabalhador, e principalmente para ser marcada na história da jornada de trabalho que, a trinta anos, lutamos pela sua redução, para 40 horas semanais.

Neste sentido, propomos aos trabalhadores que neste 1º de Maio ao invés de participarem destas festas patrocinadas, na verdade, pelos patrões, passem com sua família fazendo uma reflexão do nosso papel nesta sociedade.

Salve os Mártires de Chicago" Salve 1º de Maio dia do trabalhador...

FONTE: STIG JUNDIAÍ

written by FTIGESP