Mai 26
O gráfico que hoje recebe piso salarial vai ganhar apenas um salário mínimo quando se aposentar, em função do Fator Previdenciário, criado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas, isso pode mudar porque a Câmara dos Deputados aprovou emenda na Medida Provisória 664, pondo fim ao Fator. Falta agora o Senado aprovar e a presidente Dilma Rousseff sancionar. Porém, se isso não acontecer, aposentar-se significará dizer que o gráfico vai continuar sentindo enormes perdas nas finanças e na sua qualidade de vida. Cerca de 80 por cento dos aposentados da categoria da região de Jundiaí recebiam o piso salarial e estão vivendo hoje só com R$ 788. Parte deles voltaram a trabalhar para completar a renda diante da aposentadoria de fome. Isso ocorre, por exemplo, com o gráfico aposentado Leonildo da Silva, mais conhecido por "Veludo". Com 40 anos como gráfico do Jornal da Cidade, é obrigado a trabalhar, mesmo já aposentado há 17 anos. Ele aproveita para alertar que as coisas ainda podem piorar para os aposentados e sobretudo para quem ainda não completou os 35 anos de contribuição à Previdência Social: "o gráfico voltará a trabalhar mais horas por dia e receberá menos, como acontecia no passado, caso seja aprovado o PL da Terceirização, um projeto aprovado pela Câmara, que está sendo analisado pelo Senado".

"A terceirização vai puxar os salários para baixo e o impacto será ainda maior quando o gráfico se aposentar. Hoje o piso salarial da categoria é de R$ 1.280,40 e quando se aposenta recebe apenas R$ 788, imagine quando os salários dos trabalhadores ficarem menores que o piso atual", alerta Veludo.

Ele lembra que os salários dos gráficos na ativa poderão cair a um salário mínimo, pois a empresa terceirizada só será obrigada a pagar o piso da categoria se pertencer a mesma atividade econômica da gráfica que contratar o serviço. Ou seja, os gráficos terceirizados não estarão protegidos pela Convenção Coletiva de Trabalho da categoria. Com isso, os subcontratados também não terão direito a nenhum dos benefícios da Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho nas gráficas.

Dessa maneira, poderão ter, inclusive, a jornada de trabalho aumentada. O terceirizado trabalha três horas em média a mais que o empregado contratado direto pela empresa produtora. "Será um caos total. Tudo vai voltar a ficar ruim como no passado", alerta Veludo, lembrando da jornada diária de quase 16 horas quando começou a trabalhar no setor.

O gráfico Veludo, que também é diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de Jundiaí (Sindigráficos), garante que, se for aprovado o PL da Terceirização, o padrão de vida dos gráficos aposentados e principalmente os da ativa cairá bastante, independente da aprovação do fim do Fator Previdenciário.

"A terceirização representa jogar na lata do lixo todos os nossos direitos que foram conquistados ao longo de muitos anos", pontua o sindicalista. Ele alerta a categoria para não cair na cortina de fumaça que foi criada com a discussão da crise econômica, visando aprovar medidas impopulares sem a devida atenção e a reação da classe trabalhadora. Ou seja, enquanto se fala em crise, vai-se empurrando a retirada de direitos, levando o Brasil a retornar ao período escravocrata, quando o direto dos empregados era trabalhar.

FONTE: STIG JUNDIAÍ

written by FTIGESP