Jun 18
Embora a gráfica D'Arthy, em Cajamar, na região de Jundiaí/SP, esteja no período de alta produção, com bastantes contratos de serviços, uma paralisação dos trabalhadores pode acontecer a qualquer momento, por causa da não criação de um refeitório, anunciado desde o ano passado. A greve pode criar grande dificuldade para a empresa cumprir os prazos dos contratos. Já existe até uma notificação de greve na empresa, protocolada pelo Sindicato da[ categoria (Sindigráficos) desde sexta-feira (12). Na madrugada desta terça-feira (16), na empresa, sindicalistas e trabalhadores do 1º e 3º turnos, já iniciaram a preparação da efetivação do movimento paredista. Na ocasião, o sindicato distribuiu cópias da notificação de greve com os trabalhadores. Além do problema da falta de refeitório, a insatisfação obreira é ainda maior, conforme denúncia dos funcionários, por conta do constante abuso de autoridade por parte de algumas chefias, que têm distribuído muitas advertências e punições. Um acordo de redução de jornada de trabalho, que nunca a empresa está disposta a negociar, também insere o pacote de insatisfações dos 200 funcionários da D'Arthy, que já estão cansados de aceitar parados a falta de atenção dos proprietários da empresa com esses profissionais.

No ano passado, depois de uma grande luta dos trabalhadores, a D'Arthy se comprometeu que, em três meses, o refeitório com uma cozinha já estaria montada e funcionando. No local, seria oferecida a refeição dos trabalhadores. A promessa ocorreu em meados de dezembro de 2014. O problema é que o prazo venceu deste o último mês de março, e nada de refeitório. Com isso, os trabalhadores são obrigados a levar marmitas ao serviço, se quiserem comer, porque no entorno da empresa, não há opção de restaurantes para se alimentarem, ao não ser um local onde os preços são altíssimos, fora da realidade econômica deles. "Enquanto não se resolve, a refeição se tornou um momento de humilhação para os 200 gráficos", diz Leandro Rodrigues, presidente do Sindigráficos.

O dirigente critica a falta do cumprimento da promessa, a qual não é a primeira vez que a empresa faz isso. No ano passado, diante da forte mobilização dos trabalhadores em defesa da montagem do refeitório, a D'Arthy se comprometeu em construir a cozinha industrial e o refeitório. No final de outubro, depois de uma assembleia com os funcionários, a empresa foi notificada de greve, e, diante do fato, pediu 30 dias para se adequar e atender a reivindicação. Mas, quando chegou em dezembro, pediu mais 90 dias para cumprir efetivamente a promessa. O prazo venceu e nada de resolução novamente. O fato é que os funcionários deram mais um voto de confiança aos empresários, que, por sua vez, quebraram a promessa mais uma vez. Agora, em junho, já completa três meses que o último prazo venceu e a empresa não fala nada a respeito.

"Nos resta agora lutar ou aceitar calado a situação. E a escolha foi lutar porque este tem sido o histórico do sindicato e dos gráficos da D'Arthy", ressalta Rodrigues. O dirigente lembra inclusive da grande luta em 2013, que resultou em duas importantes conquistas para os empregados desta empresa. Desde aquele ano, os funcionários passaram a receber o benefício do café da manhã e ainda o valor da cesta básica é reajustado anualmente de forma automática com base na inflação indicada pelo índice Geral de Preços do Mercado (IGPM). Com isso, o valor da cesta básica nunca fica defasada com a inflação dos últimos 12 meses. Estes dois benefícios foram celebrados entre a empresa e o sindicato durante uma mesa redonda no Ministério do Trabalho, na cidade de Campinas.

Outro ponto que tem gerado grande insatisfação dos trabalhadores é a suspeita de assédio moral diante do excesso de punições aos gráficos nestes últimos meses. O Sindicato exigirá da empresa que se apresente o número de advertências e de suspensões e os respectivos motivos delas, para assim verificar se as punições são adequadas ou se tratam de abusos de autoridade por parte de algumas chefias da D'Arthy. O sindicato também pretende reivindicar para a empresa a abertura de uma negociação para tratar sobre um acordo voltado para jornada de trabalho dos funcionários. Os trabalhadores pleiteiam que o serviço aos sábados sejam realizados alternadamente. Ou seja, trabalha-se em um sábado e folga-se noutro. "O resultado da conquista será do mesmo tamanho da mobilização dos gráficos", convoca Rodrigues.

FONTE: STIG JUNDIAÍ

written by FTIGESP