Set 25
               Trabalhadores reagirão e convocam categoria para assembleia domingo

Os trabalhadores gráficos das indústrias gráficas da Baixada Santista e do Grande ABC paulista receberam um duro golpe do setor patronal nas três primeiras rodadas de negociação da atual campanha salarial. Os empresários mostraram que não estão dispostos a negociar de verdade. Não querem garantir a justa recomposição salarial dos empregados este ano, sob a justificativa da crise financeira. E estão dispostos a radicalizar para defender os seus interesses patronais. Eles informaram que, mesmo querendo reajustar o salário só abaixo da inflação, este deve ser dividido em três vezes. O gesto empresarial foi logo rechaçado pelos dois sindicatos obreiros dos gráficos (STIGs Santos e ABC) envolvidos. Os STIGs, que classificaram a posição dos patrões como indecente, não aceitam um reajuste menor de 10 por cento para toda a classe, já que a inflação anual foi de 9,88 por cento. Ganhar menos que isso significa reduzir o salário. Os STIGs já se mobilizam para realizar uma assembleia geral da classe neste domingo para o gráfico dar uma resposta compatível a indecência. Também se articulam para fazer assembleias nas portas das empresas.

"Esgotamos nossos argumentos de negociação nas três rodadas feitas com os empresários até hoje", falou Jorge Fermino, presidente do STIG Santos, durante a terceira mesa de negociação, realizada nesta terça-feira (22). O dirigente conta que nas duas primeiras rodadas, ocorridas nos dias 9 e 15 deste mês, o patronato se mostrou muito intransigente. Negaram todas as cláusulas sociais reivindicadas pelos trabalhadores no primeiro encontro. E na 2ª rodada apresentaram uma proposta bastante indecente. Os patrões querem reduzir pela metade o valor da Participação nos Lucros e Resultados e querem parcelar o reajuste salarial em três vezes: 1º de setembro (data-base), 1º de janeiro e em 1º de maio. "Querem tipo um crediário feito nos magazines", criticou.

Além do parcelamento, os empresários oficializaram que não pagarão a recomposição da inflação, que é de 9,88 por cento, para toda a categoria. Eles dividiram os trabalhadores em quatro faixas por níveis salariais. Querem dar a recomposição só para quem ganha o piso salarial (R$1.236,40). Os demais ficarão excluídos e receberão percentuais abaixo da inflação e outros nem reajustes terão. Segundo a proposta patronal, concederão um reajuste de 80 por cento da inflação para quem recebe de R$ 1.236,41 a R$ 3.5 mil; um aumento de 60 por cento da inflação para quem ganha de R$ 3.501 a 6.5 mil e zero de reajuste salarial para quem recebe acima disso.

"Não aceitamos exclusão dos gráficos, nem parcelamento do reajuste salarial, muito menos abaixo da inflação. Já baixamos a nossa proposta para 10 por cento de reajuste para todos as faixas, mas os patrões estão irredutíveis e continuam negando tudo", fala Fermino. Diante do cenário, o dirigente entende que não há mais nada que negociar. Ele conta que o negócio agora é reunir os trabalhadores e consultá-los sobre a melhor resposta para dar a indecente proposta patronal.

Os sindicatos obreiros já informaram ao presidente da entidade patronal, que reúne as gráficas das duas regiões de abrangência dos STIGs, que, diante da atual negativa dos empresários em negociar, será realizada uma assembleia geral dos trabalhadores neste domingo (27), bem como assembleias nas portas das empresas contra a descabida proposta. O líder dos empresários se limitou a dizer que falará com seus associados que os empregados insistem em querer receber o índice inflacionário do período e de uma única vez, especificamente na data-base da categoria.

written by FTIGESP