Dez 08
Os trabalhadores que foram demitidos da Gráfica e Editora Prol, em Diadema, não estão confiantes de que a empresa irá cumprir com o acordo de pagamento fechado na sexta-feira passada (04/12). Nesta terça-feira (08/12) ocorrerá negociação com uma fábrica mexicana sobre a venda de uma máquina. O valor adquirido servirá para quitar as dívidas com os 300 funcionários que foram cortados na semana passada.

A empresa enfrenta problemas financeiros há sete anos, com isso os atrasos nos salários e benefícios são recorrentes. Há três anos, a Prol abriu plano de recuperação judicial, mesmo assim não respeita os acordos e não paga os funcionários que mandou embora até o ano passado. "Sabemos que os 600 funcionários que eram da unidade de Alphaville estão sem receber os valores estipulados em acordo e os da unidade de Diadema que saíram até o início deste ano recebem uma mixaria e com atraso. Por isso temos medo de não receber nada", disse um funcionário demitido que preferiu não se identificar.

A maneira com que os 300 trabalhadores foram avisados do corte na quinta-feira (03/12) já demonstra a frieza da direção da empresa. Eles foram surpreendidos com o comunicado de demissão fixado no portão da fábrica. A maioria soube do corte por meio desta lista. O clima era de comoção e revolta na porta da fábrica o que resultou em greve até fim da tarde de sexta-feira, quando saiu uma nova proposta de negociação da empresa.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Gráficos do ABCD, Isaías Karrara, explicou que a venda da máquina será concretizada em quatro meses. "Os trâmites de venda e exportação levam tempo, por isso acreditamos que entre abril e maio o dinheiro estará disponível para quitar parte da dívida. O máquina é de impressão de 32 páginas, o negócio será firmado nesta terça", disse.

De acordo com o sindicalista o equipamento está avaliado em R$ 8 milhões e a dívida trabalhista com os demitidos é estimada em R$ 11 milhões. "O valor não será suficiente e já estamos articulando novas maneiras de pagamento", afirmou Karrara.

O sindicato acordou com a Prol que os salários atrasados deste mês de todos os trabalhadores (ativos e demitidos) serão pagos até 28 de dezembro. E que a partir de janeiro pagará R$ 1 mil para cada pessoa que foi desligada da gráfica até que a venda da máquina seja concluída. "As pessoas que continuam empregadas resolveram encerrar a greve no meio da tarde de sexta-feira porque sabem que se a greve se estendesse a empresa pararia de vez e então teríamos mais 450 pessoas na rua" explicou o presidente do sindicato.

"Sabemos que a empresa não vai pagar e que teremos que brigar na Justiça. Todos estão mais uma vez com as contas atrasadas e pagando juros ou correndo o risco de ser despejado. Porém, se falir será pior porque o processo se estende por décadas nos tribunais. A Prol funcionando temos mais chances de receber nossos direitos", disse o Robson Alencar de Oliveira, que era líder de produção.

O ABCD MAIOR buscou ouvir a versão da Prol mas até a publicação desta edição a empresa não se pronunciou.

FONTE: ABCD MAIOR

written by FTIGESP