Mai 13

Apesar dos 84 anos do direito ao voto feminino no Brasil, após luta das mulheres, com destaque à Jeronyma Mesquita, homenageada todos os anos no país, desde 1980, ao celebrar o Dia Nacional da Mulher (30/04), esta parcela da população nacional, que hoje é maioria entre eleitores, vem sendo atacada pelo Congresso Nacional no que tange a busca pela restrição dos seus direitos preexistentes e limitando o avanço de outros. Desse modo, a Confederação dos Gráficos do País (CONATIG), através da Secretária de Mulher, reunida nos dias 26 e 27/04, na capital paulista, repudia esta 'onda' sexista e machista desses congressistas, que se apropriam de valores morais e religiosos, para legitimar, a cada dia, mais leis e emendas a leis limitando direitos das mulheres. A CONATIG também repudia condutas retrogradas contra mulheres e aos direitos humanos, sobretudo a praticada pelo deputado Jair Bolsonaro, que usa do mandato para ameaçar mulheres e exaltar até torturador da Ditadura Militar, responsável por terríveis atrocidades.

"Quando um deputado faz homenagem ao torturador para justificar seu voto de impedimento da primeira mulher presidente do país, precisamos analisar o que pode ter por trás disso, para além das posições políticas", diz Lidiane Araújo, integrante da Secretaria de Mulher da CONATIG. Dilma foi e é vítima de violências e preconceitos por ser mulher neste país de muita tradição machista. Dilma foi uma das torturadas nos tempos da Ditadura e Bolsonaro bem sabe, como todos nós. Na verdade, por ser mulher, ela sofre desde o inicio do primeiro mandato do maior posto do Brasil, com adesivos, xingamentos e comentários maldosos. E Bolsonaro, deputado mais votado no RJ, e que detém 8 por cento de votos da população para presidente da República em 2018, uso o cargo de representante para atacar mulheres. É oportuno lembrar que nunca em nenhum outro governo, as mulheres brasileiras tiveram tanta oportunidade e ascensão profissional e social.

Assim, a Secretaria da Mulher da CONATIG em memória a toda luta das mulheres pelos direitos de votar e escolher seus representantes políticos, onde hoje corresponde a 52,13 por cento dos eleitores brasileiros, faz menção ao Dia Nacional da Mulher, no sábado (30), para alertar a categoria gráfica sobre os desafios deste cenário político que afronta as conquistas e as mulheres que sacrificaram suas vidas em prol de si e do conjunto das mulheres. "Não podemos permitir que nossas preferências políticas possam justificar a violência de gênero, machista, patriarcal e misógina que busca retirar a dignidade humana", dia Araújo, frisando que, ao final de tudo, quando essa onda conservadora e sexista passar, as mulheres terão grandes e longos anos de reconstrução pela frente.

A CONATIG aproveita o repugnante episódio de exaltação ao torturador Carlos Alberto Ustra, homenageado por Bolsonaro durante a votação do impeachment na Câmara dos Deputados, para ilustrar à categoria gráfica quem foi Ustra, através de testemunhos de Amelinha Teles, vítima de Ustra, à Comissão Nacional da Verdade. Disse Amelinha: "Ele (Ustra) levar meus filhos para uma sala, onde eu me encontrava na cadeira do dragão (instrumento de tortura utilizado na ditadura militar parecido com uma cadeira em que a pessoa era colocada sentada e tinha os pulsos amarrados e sofria choques em diversas com fios elétricos atados em diversas partes do corpo), nua, vomitada, urinada, e ele leva meus filhos para dentro da sala? O que é isto? Para mim, foi a pior tortura que eu passei. Meus filhos tinham 5 e 4 anos. Foi a pior tortura que eu passei".

written by FTIGESP