Dez 02
O cenário de ataque ao direito dos gráficos de jornais se espalha em todo o Brasil. O advogado da Ftigest, Raphael Maia, participou inclusive da primeira situação de julgamento de dissídio destes trabalhadores contra esta ofensiva patronal no Tribunal Superior do Trabalho nos últimos dias.

A negociação salarial nos jornais e revistas do interior do Estado ficam mais difíceis a cada ano que passa. Este ano não é diferente. O gráfico e o jornalista têm sido desvalorizado pelas empresas na hora de fazer a recuperação da remuneração anual diante da inflação do período. Estas empresas vêm querendo repassar para seus trabalhadores os prejuízos oriundos das mudanças do setor em função da evolução tecnológica e a respectiva redução da tiragem dos exemplares e dos seus anunciantes. O trabalho, porém, ampliou para os gráficos que continuam nos jornais. Igual cenário acontece nas empresas do segmento da capital. Apesar disso, os jornais e revistas do interior e da grande capital tentam achatar o salário da classe, como denuncia a Federação dos Gráficos do Estado de SP (Ftigesp) - órgão que pleiteia uma mudança na postura patronal.

A Ftigest reconhece que o setor passa por uma grande reestruturação. Muitos jornais pequenos fecharam os parques gráficos e ficaram apenas com as suas redações funcionando. Já os jornais maiores sobrevivem imprimindo periódicos menores e também serviços de indústrias gráficas convencionais, a exemplo do Diário de São Paulo, na região do STIG de Jundiaí. Este cenário aumenta o trabalho para os trabalhadores. Apesar disso, as empresas só querem ampliar o trabalho e reduzir o salário sob a justificativa da reestruturação do setor. "Isso não tem sentido. Os gráficos que trabalham, independente do tamanho do jornal ou o cliente, estão laborando e merecem a recomposição salarial e os seus direitos", diz Leonardo Del Roy, presidente da Ftigesp,quando havia acabado de participar de uma negociação com a FolhaSP, Estadão e Editora Abril, com dirigentes do Sindicato dos Gráficos de SP e de Barueri/Osasco.

As negociações também estão difíceis neste jornais e revista maiores. Na ocasião, a proposta patronal foi abaixo da inflação e até de não ter um percentual de reajuste mínimo para os gráficos que recebem acima de R$ 4.340 - valor este bem inferior ao salário do impressor na Editora Abril, por exemplo. Todo ano tentam baixar a faixa de corte para pagar só um bônus em dinheiro irrisório, ao invés do aumento salarial com base na inflação. Pior ainda ocorre com os jornais e revistas do interior.

O cenário de ataque ao direito dos gráficos se espalha em todo o Brasil. O advogado da Ftigest, Raphael Maia, participou inclusive da primeira situação de dissídio dos trabalhadores contra esta ofensiva que chegou ao Tribunal Superior do Trabalho nos últimos dias. O caso retrata o caso dos gráficos de PE. Apesar do Ministério Público do Trabalho daquele Estado e do Tribunal Regional do Trabalho aprovarem a recomposição salarial, os ministros da corte superior arquivaram o processo com base numa jurisprudência conversadora que favorece só os patrões que nem negociam e nem permitem a judicialização nestes casos. Por esta razão, os gráficos pernambucanos entraram de greve em dois dos três maiores jornais de lá. Gráficos mineiros e cearenses também enfrentam grande dificuldade.

O cenário de dificuldade nas negociações fica mais generalizado pelo Brasil, bem como a vida do trabalhador deste setor. "Embora seja uma luta para garantir o reajuste salarial, os gráficos dos jornais, a exemplo na Folha/SP, fazem atualmente o serviço de três trabalhadores depois do advento das novas tecnologias com a redução do quadro funcional frente à diminuição da sua tiragem", revela Ivan Mendonça, gráfico da Folha/SP e vice-presidente do STIG Barueri/Osasco.

A evolução tecnológica não melhorou a vida dos gráficos dos jornais e revistas. O público passou a lê-los pela plataforma digital. O cenário ficou mais difícil para o trabalhador do segmento, apesar de laborar até mais diante da redução do quadro de empregados dessas empresas. "É preciso, portanto, uma unidade ainda maior entre os gráficos do setor. Sem isso, a situação ficará cada vez pior durante as negociações", fala Cláudio dos Reis, gráfico da Editora Abril e diretor de base do STIG/SP. O dirigente avalia que a luta foi grande nas negociações passadas, evitando prejuízos maiores, mas o gráfico deve reconhecer que o cenário piora e é precisa participar firme da luta em defesa do salário e de seus direitos.

written by FTIGESP