Jul 04

Gráfico teve dedo esmagado há duas semanas na editora em Guarulhos FTD ainda foi denunciada por assédio moral em revista dos profissionais

Apesar do acidente de trabalho que causou a perda de parte do dedo de um gráfico da FTD, o Sindicato da categoria (STIG Guarulhos) denuncia que a empresa continua com a prática ilegal de desvios de função dos trabalhadores, motivo pelo qual alega ter gerado esse acidente há duas semanas. Segundo reclamações dos profissionais enviadas à entidade, fazem dois meses que a empresa passou a trocar os profissionais para as áreas que operam máquinas, a exemplo do setor de impressão e outros. Porém, sem que haja qualquer treinamento, muitos saem, por exemplo, do setor de Acabamento e até da Expedição para atuar na Impressão. O STIG, por sua vez, vinha questionando a editora ainda antes do acidente.

"Alertamos a empresa que essa prática do desvio de função era irregular e de que problemas maiores poderiam acontecer, mas não nos deram a atenção e continuam sem dar", criticou Francisco Wirton, presidente do STIG Guarulhos. O dirigente adianta que o setor Jurídico da entidade já estuda representar judicialmente contra a FTD. Ele diz que os membros da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) também podem ser acionados no processo, já que não oficializaram tal prática de desvio de função e do risco de acidente que os profissionais passaram a correr. Wirton conta que o Ministério Público do Trabalho (MPT) diz que é dever do cipeiro informar tais situações, mesmo que a empresa nada faça. Já há até sentenças judiciais, como no PR, onde cipeiros são condenados.

Os problemas não param por aí. Os gráficos da FTD também reclamam de assédio moral praticados durante a vistoria dos carros na hora de sair da empresa. E denunciam a falta de estrutura do processo, levando com que larguem efetivamente quase uma hora após findar a jornada diária. As queixas revelam que tais revistas ultrapassam os requesitos padrões. Além do porta-malas do automóvel do funcionário, as portas e toda parte interna têm sido inspecionadas de forma arbitrária, o que, segundo eles, caracteriza o assédio. E, como apenas um segurança faz as vistorias, os profissionais ficam esperando por um longo tempo para saírem do local.

"A empresa negou que esteja passando dos limites na vistoria, mesmo diante das reclamações e das provas que temos em mãos", fala Wirton. O Ministério do Trabalho pode ser acionado diante deste possível caso de assédio moral. O jurídico da entidade não descarta acionar também a Justiça do Trabalho diante das provas e da continuidade. Por enquanto, o STIG Guarulhos orienta os gráficos para só baterem o cartão quando foram efetivamente liberados para saírem da FTD após seu expediente.

A Federação Paulista dos Gráficos (Ftigesp), entidade na qual o STIG é filiada, está solidário ao sindicato na sua correta atuação em defesa dos funcionários da FTD. "A questão da saúde e da segurança do trabalho é indispensável, mas a editora não tem respondido tais questões cobradas pelo sindicato e empregados do local, gerando graves consequências. Buscar o lucro às custas da vida e do constrangimento dos seus gráficos é imoral e ilegal", fala Leonardo Del Roy, presidente da Ftigesp. Ele frisa o apoio ao STIG e orienta todos os trabalhadores do local a sindicalizar-se para fortalecer a luta sindical para que a editora respeite a categoria.

written by FTIGESP