Nesta segunda-feira (8) completa um mês da assembleia de abertura da campanha salarial dos gráficos paulistas na região da Baixada Santista. A data-base da categoria é em 1º de setembro, assim como os da região do Grande ABC. Em Santos e cidades vizinhas, o Sindicato local (STIG) tem aproveitado a oportunidade de maior interação com os trabalhadores para realizar uma outra campanha simultânea à salarial. O STIG, que tem enfrentado dificuldades diante da redução do número de empresas e de trabalhadores, tem apostado na conscientização política daquelas poucas centenas de gráficos que continuam empregados. Na assembleia, alertou sobre as dificuldades estruturais enfrentadas pela entidade pra conseguir continuar garantindo por mais tempo a proteção dos direitos e salários da categoria, se nada fosse feito pelos gráficos para reverterem tal situação.

A reação começou. Em resposta ao chamamento, 100 % dos gráficos da Seal Scream enviaram uma carta para que a empresa desconte dos seus salários uma quantia a ser revertida em favor do Sindicato da categoria. A empresa possui oito trabalhadores. E todos eles fizeram esta carta e já entregaram para o STIG. "Esperamos que outros mais sigam o exemplo desses trabalhadores. É necessário e urgente que os quase 700 gráficos da Baixada façam o mesmo. O Sindicato depende de cada um para que possa continuar defendendo o salário e direitos de todos nesta campanha salarial", destaca Jorge Caetano, o secretário-geral do STIG da Baixada.

Neste mês, por exemplo, em que a presidente da entidade, Sueli Reis, está de férias, o STIG só abre uma única vez por semana, nas quartas. Jorge é quem está segurando as pontas no período. A situação é mesmo muito grave e precisa da unidade da categoria na defesa da sua entidade de classe, única responsável não só pela negociação salarial e de direitos coletivos dos trabalhadores com o setor patronal, mas também depois. Afinal, com o fechamento do Ministério do Trabalho pelo governo federal atual, só resta ao sindicato a fiscalização e cobrança do cumprimento dos termos salariais e de direitos negociados na convenção coletiva da classe.

Jorge parabeniza os gráficos da Seal Scream pela consciência de classe em defesa dos seus próprios direitos e salários ao fortalecerem seu STIG. Contudo, até o momento, só outros casos isolados se repetiram. A grande maioria continua sem se sindicalizar ou sem permitir contribuições através de carta escrita individualmente. "A data-base logo chega. Precisamos da participação do conjunto da categoria para o benefício de todos", ressalta.

"Vejo como bom sinal a iniciativa de 100% dos gráficos da Seal Scream, embora é necessário que o restante da categoria entenda o seu papel neste processo onde está em jogo a manutenção de seus direitos e um melhor reajuste salarial através do fortalecimento e da atuação sindical. Sem o STIG, ou sem a aliança do trabalhador junto à entidade, somente os patrões levam a melhor com o rebaixamento salarial e dos direitos", alerta Leonardo Del Roy, presidente da Federação Paulista dos Gráficos (Ftigesp). A entidade, na qual o STIG Santos é filiado, acompanha este cenário com preocupação. E lembra a todos trabalhadores que não há outro caminho: os salários e direitos dependem do sindicato e este forte. "Só o gráfico poderá decidir se manterá ou perderá os direitos e salários. Defenderá se for aliado do seu STIG e contribuir com ele", fala Del Roy.

written by FTIGESP