Jun 04
Indústria gráfica continua forte mesmo com crise de outros setores. 
Enquanto a produção de vários setores da indústria de transformação brasileira caiu em média 3% no primeiro trimestre do ano, o segmento gráfico cresceu quase 0,5%. O desempenho do setor gráfico ainda é melhor ao analisar acumulativamente os 12 meses comparados ao mesmo período anterior. O aumento é mais de 1%.Os resultados foram revelados pelo próprio presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), Fábio Arruda Mortada, por meio da empresa de comunicação que faz a assessoria da entidade nacional.Diante do crescimento do setor, mesmo em período dito de crise econômica, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de Pernambuco (Sindgraf-PE) parabeniza a força do segmento gráfico.“Esperamos que os bons números sejam refletidos também aos trabalhadores gráficos, através do reajuste salarial”, diz Iraquitan da Silva, presidente da entidade estadual. Ele lembra que os funcionários foram indispensáveis para produzirem a respectiva riqueza.Portanto, o dirigente reivindica que no momento das convenções da categoria em todo país, que em Pernambuco ocorre em 1º de outubro, o discurso do empresariado não mude, esquecendo-se dos lucros acumulados.Na análise dos dados acumulados nos 12 meses contados de abril de 2011 a março de 2012, frente ao mesmo período imediatamente anterior, conforme a assessoria de comunicação da Abigraf divulgou na terça-feira (22), nota-se resultado positivo de 1,29% na atividade da indústria gráfica brasileira. “Vamos querer nossa partir  do bolo”, ressalta Iraquitan.Ele destaca que a fatia extra deve ser dada na campanha salarial. Porém, o dirigente antecipa não acreditar que a divisa acontecerá de forma fácil, será necessário unidade, articulação e mobilização da categoria “Juntos somos ainda mais fortes”, diz.

Comprovação do barulho garante aposentadoria especial. 
A intensidade do ruído produzido nos parques gráficos do estado pode garantir ao trabalhador a conquista da aposentadoria especial – aquela voltada a trabalhadores que prestam serviço em ambiente insalubre. Entretanto, qualquer ruído não garante o benefício previdenciário.O volume do barulho vai variar de acordo com a época em que ocorreu o trabalho, conforme definiu o Superior Tribunal de Justiça. Em resumo, foram estabelecidos três níveis de ruídos para três épocas distintas.De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de Pernambuco (Sindgraf-PE), o nível do barulho necessário para que o segurado que atuou em condições insalubres tenha direito à contagem do tempo especial muda de acordo com o tempo.Para trabalhos até 5 de março de 1997, é considerado insalubre acima de 80 decibéis. Dessa data até 18 de novembro de 2003, o barulho precisava ser superior a 90 decibéis. De lá para cá, o nível é de 85 decibéis.Iraquitan da Silva, presidente do Sindigraf-PE, lembra que a decisão do STJ é do ano passado, porém continua muito importante para a categoria. “Ela não perdeu a validade, pelo contrário, é a partir dela que o Tribunal Federal do Trabalho se norteia para tomar as decisões sobre a temática nas ações judiciais”, releva.Ele complementa lembrando que para comprovar a exposição ao ruído, o trabalhador precisa de laudos assinados pela empresa. “Em caso de dúvidas, procure o sindicato para buscar orientações”, ressalta.

São Paulo (SP): Aposentadoria especial para garçom avança
Várias horas de pé e o convívio cotidiano com fogões e câmaras refrigeradas foram alguns dos argumentos que convenceram os senadores da CAS (Comissão de Assuntos Sociais) a aprovarem a aposentadoria especial para garçons, cozinheiros, maîtres e trabalhadores em restaurantes e bares.Divulgação 
O tempo mínimo de contribuição ao INSS exigido na concessão da aposentadoria deve cair de 35 anos (homem) e 30 anos (mulher) para 25 anos. Uma redução de 40%. Na Grande São Paulo, 500 mil profissionais trabalham em bares e restaurantes.O projeto  de lei foi aprovado ontem na CAS. Agora  ele deve passar por mais duas comissões no Senado e, depois de ser aprovado em plenário, seguir para a Câmara dos Deputados.A proposta é do senador Gim Argello (PTB-DF). “São profissões com elevado desgaste físico e longos períodos em pé. Além da  constante tensão dos músculos, tendões e ossos decorrente do esforço de carregar os pedidos, equilibrando-os durante o percurso até as mesas”, disse o senador.custo/Para cobrir parte da despesa com a antecipação da aposentadoria dos trabalhadores, a comissão também aprovou o aumento de 1% na contribuição previdenciária dos patrões. O valor pode ser repassado para o preço das refeições.A decisão da CAS foi comemorada pelos trabalhadores. “O garçom anda bastante e fica quase todo o tempo em pé. Enquanto é novo não percebe muito, mas com a idade chegam os problemas na coluna e as varizes”, disse Francisco Calasans, presidente do Sinthoresp, sindicato da categoria.

São Paulo (SP): Número de trabalhadores que pedem demissão diminui
Menos trabalhadores têm pedido demissão na cidade de São Paulo. Apesar de ainda registrar aumento, o número de desligamentos por vontade do funcionário cresceu menos nos últimos anos. Esse é um sinal de que a oferta de emprego já começa a diminuir.Dados do Ministério do Trabalho mostram que 240,8 mil trabalhadores pediram demissão na capital nos primeiros quatro meses do ano, ante 227,9 mil no mesmo período de 2011, uma alta de 5,6%. Essa variação já foi maior: 27,7% no ano passado em comparação com 2010.A abertura de postos de trabalho também caiu na comparação entre os primeiros quadrimestres de 2011 e 2012. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério, de janeiro a abril do ano passado, o saldo de desligamentos e admissões era de 102,4 mil vagas na capital paulista.Já no mesmo período deste ano, a diferença entre o número de contratados e de demitidos foi de 71,9 mil, uma queda de 29,7% no ritmo da movimentação.Segundo o professor de economia do Insper, Otto Nogami, os pedidos de demissão ocorrem por duas razões: um novo emprego, onde muitas vezes o trabalhador enxerga uma melhora na sua situação, ou oportunidade de empreender. Porém, o baixo crescimento desse indicador ocorre como consequência da fase pela qual a economia brasileira passa.“O momento de euforia da economia brasileira já passou. Agora, estamos em um momento de acomodação da economia e de apreensão quanto ao futuro, pois o cenário ainda é nebuloso e acaba refletindo no mercado de trabalho”, explica Nogami.Com a economia em ritmo mais lento, as empresas ficam mais cautelosas na hora de investir e abrir postos de trabalho, afirma Carlos Honorato, professor do Programa de Estudo do Futuro (Profuturo), da Fundação Instituto de Administração (FIA). “O mercado de trabalho não está ‘bombando’ como se imaginava e as estatísticas começam a mostrar isso”, diz.A empresa de recrutamento Trabalhando.com já percebeu que alguns clientes adiaram novas contratações. De acordo com Renato Grinberg, diretor-geral, companhias que trabalham com grandes investimentos de capital e que estão de alguma forma ligadas ao mercado externo já fazem o movimento de aguardar o futuro da economia mundial para fazer novas contratações.“Mas esse movimento de adiar a contração não ocorre em todas as áreas. O setor de construção civil, por exemplo, continua muito aquecido. Profissionais técnicos continuam tendo mobilidade no mercado de trabalho”, diz o diretor-geral do Trabalhando.com.Contudo, Grinberg explica que não adianta apenas mudar de área profissional para se manter no mercado. “Se a pessoa não tem aptidão, não adianta fazer engenharia civil. Não vai dar certo.”
Qualificação
Na visão dos especialistas, o que o trabalhador pode fazer para continuar atrativo profissionalmente e conseguir superar eventuais crises do mercado é investir na qualificação.“Há um ditado que diz que nos tempos bons devemos nos preparar para os ruins. Isso vale também para os profissionais. Quem se aprimora continua competitivo”, afirma Honorato.Na hora de mudar de emprego, Nogami recomenda cautela. “A redução no ritmo do crescimento de economia também afeta as empresas. Se for procurar uma nova colocação, o salário não deve ser o único fator a ser levado em consideração. 
Também é preciso analisar a empresa em que existe a oportunidade, se ela tem perspectiva de crescer ou se garantir no mercado com uma economia mais lenta e, ainda, se poderá manter o seu emprego”, afirma o professor do Insper. 

Trabalhar sob estresse afeta a vida familiar, diz especialista
São Paulo/SP- O estresse provocado pelas jornadas prolongadas e crescentes exigências por metas no trabalho interferem além da saúde, na vida familiar, na avaliação da médica do trabalho e pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Margarida Barreto. Categorias de trabalhadores acostumados a viver sob pressão ou de grande exigência - como os psicólogos, assistentes sociais e profissionais da saúde em geral - buscam a redução de jornada de trabalho por meio de projetos de lei em trâmite no Congresso e também por mobilizações públicas junto aos sindicatos.A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) recomendam uma jornada máxima de 30 horas para estes casos, e centrais sindicais fazem coro ao pedido. No entanto, ainda há resistência dos setores públicos e privados em adotar as medidas, que podem reduzir a incidência de doenças adquiridas no trabalho e melhorar o desempenho e produção do funcionário. Em entrevista, Margarida relaciona a decisão das empresas em não reduzir a carga horária com um possível receio de ter de forçar gastos para aumentar o quadro de funcionários para suprir as lacunas das jornadas.A intensidade do problema é visível: dados da Previdência Social mostram que no período de janeiro a março de 2012 foram 511.564 auxílios-doença concedidos. O número representa pouco mais de dez mil pedidos ante o total do mesmo período no ano passado. À medida que surgem mais vagas de emprego, segundo a médica, mais se torna indispensável a discussão sobre a qualidade dele para o trabalhador.
Quais os efeitos de uma jornada longa em uma profissão estressante?
A questão da saúde é fundamental. Primeira coisa é que as consequências de um trabalho sob estresse independem de categoria, de ser homem ou mulher. Tudo leva a uma fadiga mental e física, e consequentemente à diminuição da capacidade de produzir. E, claro, o patrão insiste em não diminuir a jornada porque acha que seus gastos vão aumentar tendo de contratar novos trabalhadores. Isso é um engano total.Um trabalhador que exerce uma jornada prolongada tem de produzir cada vez mais e não pode cair de cama. Ele acaba adoecendo justamente por conta disso. É uma rotina insuportável, e leva não só ao cansaço mas também a outras complicações, como doenças gastrointestinais como as gastrites, e psicológicas, como o desânimo, pesadelos, angústia. O trabalhador muitas vezes se sente incapaz de dar conta daquilo que lhe é imposto, quando na verdade é desumano. Um terreno permeado de contradições. É mais do que justa esta reivindicação dos trabalhadores na questão da redução da jornada e, associado a isto, vem a questão da estabilidade no emprego.
Qual a argumentação que o trabalhador pode dar quanto ao que é submetido?
Eu acredito que a argumentação deve estar embasada não só nas questões de saúde, não só na questão ética. Um trabalho prolongado e denso é fonte de desprazer, de sofrimento. Barra a criatividade do trabalhador e possibilita um maior índice de acidentes e de adoecimento.
Qual seria a alternativa para o trabalhador que não vê a saída da redução da jornada e também não encontra respaldo na lei?
A alternativa está nas lutas que exijam como um todo mudanças na organização de trabalho. Quando você pensa na jornada, ou nas horas extras, está dentro do acordo de trabalho.Mudar significa possibilitar a este trabalhador fazer seu serviço de forma digna, sem estresse, com autonomia. Se eu tenho uma relação com o empregado que só exige metas cada dia maiores e não dá possibilidades de micropausas quaisquer, não dá para esperar muito. Não querendo ser saudosista, mas antes os trabalhadores tinham ao menos a chance de sair para fumar um cigarro, bater um papo com um colega. Hoje você não tem esta possibilidade, porque poucos trabalhadores devem cumprir o que foi estipulado. Passa a ser um luxo pensar em conversar com o colega do lado.Não ter tempo sequer para relaxar, para dar um bom dia sequer ao companheiro de trabalho, complica. Nas grandes empresas, apesar do ambiente bonito e clean, já são ambientes pesados. Imagine então numa terceirizada, por exemplo. É sobrecarga, exigência, e exploração cada vez maiores. Isto acaba tendo repercussões até dentro da vida familiar.
Falando em funcionários terceirizados, a rotina de um funcionário de call center, por exemplo, é totalmente controlada pelos empregadores. Inclusive os momentos de pausa, que são poucos... este modo de se relacionar com os empregados virou uma tendência?
Claro, e é chocante pensar que em pleno 2012 ainda vemos por aí problemas com intervalos até mesmo para ir ao banheiro. Geralmente, estes funcionários só podem ir quando tem alguém para cobrir o serviço no seu lugar. Uma hora a situação entra em colapso. A forma atual de pensar políticas para as empresas levam em consideração o período de crise, um pensamento neoliberal. Pensa-se na quantidade de trabalho, mas não no indivíduo. Todas as mudanças econômicas no mundo se refletem na questão do trabalho, e quem sempre paga a conta da ganância é o trabalhador.Desde o momento em que ele é não somente superexplorado, mas quando ele só vale para a empresa enquanto tem saúde. Mas nesta condição, me diga: como ele pode manter a saúde? Há uma contradição.Certa vez, um trabalhador químico me disse algo que vale muito para o agora. Ele reclamou que a luta não é só pelos salários, mas pela manutenção do trabalho. A preocupação de conseguir se manter no emprego. Esperava que não chegássemos a este ponto, mas chegamos.E é um desafio aos sindicatos...
É um desafio para cada categoria, aos trabalhadores como um todo. É estar vendo não só a questão de saúde em si, mas o que está causando a deterioração da saúde dos trabalhadores. Por que há uma destruição cada vez maior das relações de trabalho? Se não tem saúde, ele (o trabalhador) vai perder o emprego. E vai ter uma relação de precariedade dentro da própria casa. É um efeito dominó.
Há uma discussão quanto ao crescimento constante do emprego e, ao mesmo tempo, a preocupação sobre a qualidade deles ao trabalhador. Como você vê o assunto?
É uma questão que me incomoda muito ultimamente esta do pleno emprego. Aí eu pergunto: que pleno emprego é este que os trabalhadores estão tendo e adoecendo cada vez mais? É um ciclo depressivo tanto na questão do sistema capitalista mundial, mas também das relações de trabalho. Para mim, a coisa é muito crítica e exige enquanto movimento organizado pensar além. Não é só esta a discussão, tudo envolve um sistema político. Se eu fosse resumir em uma palavra, eu diria que nunca foi tão necessário construir uma nova sociedade com um novo olhar, que não dê privilégio a um grupo de famílias que comandam o planeta. Foto: www.fitnessgoop.com 
Jorge Caetano Fermino

written by FTIGESP