Nov 01

Nem a base de repressão entregaremos os direitos dos trabalhadores de "mão beijada" a patronal algum. A opressão político-patronal sempre foi e continuará sendo o combustível para a luta da classe trabalhadora

A partir desta quarta-feira (1º), mais nenhum dos 87 direitos coletivos da maioria dos gráficos paulistas está valendo. Isso porque os donos das gráficas se negaram em negociá-los anteontem durante a 1ª rodada de negociação com os sindicatos obreiros (STIGs) e a federação estadual (Ftigesp). O sindicato patronal não garantiu por mais um ano a validade da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da classe a partir de hoje, que é data-base da classe - fato que ocorria há décadas. Assim, não há outra saída para os trabalhadores das gráficas do estado senão aceitar a perda significativa ou então lutar para evitar a consumação deste mal.

A Ftigesp e os STIGs optaram por lutar. E, já a partir de hoje, iniciando pelos gráficos da Tilibra em Bauru, começa a série de assembleias em gráficas no estado, preparando-os para paralisações e até greves após a possível notificação do patronal na próxima rodada na terça-feira (7). "Infelizmente, o sindicato patronal mostra sua verdadeira fase diante da nova realidade escravocrata em virtude da reforma trabalhista do Temer, tão alardeada por sindicatos e que parte dos gráficos não acreditavam", realça Amilton Kalffmann, presidente do STIG Bauru, que coordenará a assembleia na Tilibra, acompanhado de mais STIGs e da Força Sindical.

Antevendo este mal, o STIG Guarulhos realizou inclusive assembleia na frente da editora FTD. Francisco Wirton, presidente do sindicato, garante que nem a base de repressão entregará os direitos dos trabalhadores de "mão beijada" a patronal algum, alertando-os de que a opressão sempre foi e continuará sendo o combustível para a luta da classe trabalhadora.O STIG Jundiaí, outra entidade que tinha começada a fazer assembleias antes da 1ª rodada de negociação com o patronal, por prevê um clima de golpe sobre os direitos, garantiu que o acirramento vai se expandir nas empresas da sua região. Promete uma atividade já hoje na empresa Gonçalves. "Outros STIGs já garantiram que farão igual", fala Leandro Rodrigues, presidente do STIG Jundiaí e secretário-geral da Ftigesp.

Rodrigues iria notificar o sindicato patronal de greve ainda durante a 1º rodada de negociação após a desvalidação dos direitos dos gráficos. Só não o fez porque o patronal aceitou voltar a tratar esta questão na terça. Mas nada foi garantido e vários STIGs estarão com a notificação pronta. "Ou o patronal garante na reunião a nossa data-base retroativa a 1º de novembro, como é historicamente, garantido a manutenção dos 87 direitos da convenção dos gráficos paulistas, ou o notificaremos de greve", falam dirigentes de muitos sindicatos, como Sandro Ramos, do STIG Taubaté.

"O patronal verá do que o gráfico é capaz para defender seus direitos. Não é à toa que a campanha salarial se chama resistir para avançar. Quem viver, verá", finaliza Leonardo Del Roy, presidente da Ftigesp, lembrando os patrões que eles estão quebrando uma tradição ao não mais respeitar a data-base e os direitos da categoria já conquistados. O dirigente entende que o patronal mostrou um oportunismo se utilizando maleficamente da reforma trabalhista para desvalidar a data-base da classe. Os STIGs, por sua vez, reagiram na 1ª mesa de negociação e o movimento crescerá junto da categoria nas diversas regiões do estado. A Ftigesp e os STIGs, presentes hoje na atividade na Tilibra, lembrarão aos trabalhadores que ou reagem ou os direitos coletivos já eram após a reconfirmação do patronal na 2ª mesa de negociação na terça-feira.

written by FTIGESP