Abr 30

Embora continue sendo uma potência nacional, a Editora Abril, localizada na capital paulista, demitiu 95 dos seus quase 900 gráficos nos últimos dois meses. E outros 20 podem ter o mesmo fim neste mês. A empresa, que justificou os desligamentos devido a elevada redução produtiva, tem feito esta grande reestruturação poucos meses depois de que a nova lei do trabalho entrou em vigor. Coincidências ou não, até o final do ano, mais 300 gráficos também serão demitidos da unidade da multinacional Idemia, em Taubaté, que alegou a necessidade de redução de custos.

O quadro de demissão não é isolado no setor gráfico. Ele tem ocorrido em várias atividades econômicas desde que a nova lei passou a valer em novembro. "De dezembro a fevereiro/18, por exemplo, o número de carteiras assinadas no Brasil já é a menor da série histórica medida pelo IBGE, através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua", alerta Álvaro Ferreira, secretário de Comunicação da Federação Estadual dos Gráficos (Ftigesp). O dirigente aproveita o cenário para criticar Temer e todos os defensores desta nova lei, que ao invés de mais emprego, está ampliando demissões, bem como a permissão de contratos precários e o fim de direitos.

No início de março, antes ainda da Editora Abril começar a demitir, o Brasil já tinha 13,1 milhões de pessoas desempregadas, segundo os dados do IBGE. "E, agora, infelizmente, 95 gráficos se somaram a este terrível estatística", diz o presidente do Sindicato da classe (STIG) na capital de São Paulo, Augusto Barros. O dirigente tem acompanhado todo processo de desligamento, dando assistência aos trabalhadores. O setor jurídico do STIG vem dando orientação e atuado para proteger os direitos de todos. A editora inclusive assinou sua confissão de dívida - um documento legal diante do não pagamento total das verbas rescisórias, visto o parcelamento das mesmas. Barros conta que esta tipo de confissão é a garantia de que cada um receberá tudo que tem direito.

Leonardo Del Roy, presidente da Ftigesp, lamenta profundamente por estas demissões. Ele inclusive atuou muito na última campanha salarial para evitar prejuízos para os gráficos da Abril. A empresa queria até baixar o piso salarial para muitas funções, coisa que não conseguiu. Todavia, a ação do dirigente junto com o STIG São Paulo contribuiu para preservar todos os direitos dos 800 trabalhadores que continuam no local. A empresa, por sua vez, falou que não substituíra os postos deixados. "Ainda assim, continuaremos defendendo a todos e dando total assistência aos que foram desligados", afirma Elisângela de Oliveira, eleita a nova presidente do STIG-SP, que deve assumir em breve. Na editora, o Sindicato conta com uma grande quantidade de sindicalizados.

"Diferente da Editora que acumulará o trabalho sobre os gráficos que ficaram, o que não é justo, a gráfica Idemia enquanto anunciava as demissões diante da oficialização do fechamento da unidade até o final deste ano, já dizia que contratará gráficos como temporário - um dos tipos de contratos precários que a nova lei do trabalho passou a permitir sem rigor", critica fortemente Del Roy.

written by FTIGESP